24 de jun. de 2011

E existe a hora de destravar um pouco

    Viver assustada não faz parte dos meus planos. Mas insisto em conter palavras e atitudes por medos que cada dia julgo serem mais bobos do que pensava. De errar um conceito, de revelar demais sobre mim, de ser considerada boba ou metida à esperta. E isso tendo revisado a frase ou a ação tantas vezes em minha cabeça que minha escolha não trairia a mim mesma. É bom se segurar e refletir melhor antes de agir, porém, sabendo que o momento é certo, que a decisão foi bem formada (mesmo se feita num átimo), "calar-se para sempre" leva a noites mal-dormidas por remorso que poderiam e deveriam ser evitadas. Difícil é ter coragem para "falar agora". Vejo como muitos afirmam se prender pela incerteza, ainda que a real motivação seja um daqueles medos bobos. Penso ser essencial admitirmos isso, porque enganar a nos mesmos é o caminho mais eficiente para a infelicidade.  Pergunto-me frequentemente algo que acredito estar relacionado a essa auto-enganação: por que tememos tanto baixar a guarda? Ainda não estou certa da resposta, mas sei que desejo não ter que admitir minha desconfiança de se tratar de um fator social. O puro medo de ser julgado e criticado pelos outros! Uma estupidez que realmente não queria cultivar. Ah, se eu pudesse me libertar desse temor ignorante. Ter controle sobre minhas opiniões e meus sentimentos divergentes seria gratificante também. É pedir demais para minha adorável paranoia, não? Deixarei esse pensamento livre de conclusão, só para ver se ganho um pouquinho mais de bravura, afinal...

29 de abr. de 2011

Amor = Dependência Emocional?

   Começando pelo fim, quando duas pessoas que se amavam terminam, normalmente vemos muita dor envolvida. Quase sempre, passa. Entretanto, isso não nos indica muita coisa: cínicos podem dizer que não fora amor, outras que fora forte enquanto durou "mas... né?". A questão é: como se pode conceituar o amor? Particularmente, acho incompreensível quem não acredita nele. Se o homem definiu uma palavra foi para algo que conhece e o amor é um sentimento em comum indescritível, mas que não é invenção. Amar é querer bem, respeitar, conectar-se... será que entra na definição depender emocionalmente?
   Por primeiro, há várias "classificações amorosas": amor familiar, amor de amigo, amor romântico, amor de admirador, amor de gratidão. Pode-se amar decorrente da convivência e sem conhecer - como podemos medir a força e a sinceridade de cada um? É interessante observar que a sensação de amar é extremamente pessoal. Aí a dificuldade em afirmarmos se é uma forma de dependência. Às vezes, nem quem sente sabe se pode definir assim. Acredito que as situações "se" nos botam contra a parede. Se perdemos quem amamos? Muitos perdem e acabam se adaptando em viver sem a pessoa. Porém, constrói-se uma cicatriz emocional. Seria esta uma perda do sentimento? Ficamos sem uma parte do amor que conseguimos dar? Há um desgaste definitivo no nosso coração?
   Em uma análise menos hipotética: de quem amamos precisamos no equilíbrio emocional de forma imprescindível? E se estamos apaixonados, podemos nos considerar dependentes? Naturalmente, muitos não querem se colocar nessa posição, mas é uma daquelas coisas que só... acontecem? Hoje não estou aqui para dar respostas, somente compartilhar o ponto de interrogação que tenho pairando sobre minhas opiniões tão concretas.
   Acredito que é hora de admitirmos que ter força não é "nunca baixar a guarda" e que sentimentos nos amadurecem. Então, independente de ser uma forma de dependência, eu espero que as pessoas estejam abertas para o amor: acho que a felicidade admite pedaços de vulnerabilidade.

19 de mar. de 2011

"Você deve" - Com licença?

Estranho como muitos parecem esquecer que quem manda na minha vida sou eu. Claro, nossa sociedade é cheia de regras, afinal a vida seria um caos se não tivéssemos leis! Ainda assim, há escolhas pessoais sobre as quais ninguém deveria dar pitaco de forma autoritária. Uma frase específica que me irrita é "você deve". A todo lugar que vamos, recebemos "você deve aprender a economizar", "você deve ser generoso com todos", "você deve colocar a natureza em primeiro lugar". Bom, e se eu quiser aproveitar o dinheiro que tenho? E se eu escolher ser generosa apenas com quem merece? E se eu colocar minha felicidade e a de quem eu amo em primeiro lugar?
Essas influências que nos moldam como objetos e nos intimidam a seguir o que está na moda do "dever" me apavoram. A minha vida é muito minha para eu desperdiçar com obrigações imaginárias, com pressões sociais. O mais importante é entendermos que seguir normas da sociedade é uma coisa e seguir normas sociais é outra completamente diferente. Para um bom convívio, não dá para cada um fazer o que bem entender: devemos trabalhar para contribuir para o desenvolvimento do nosso lugar, devemos nos colocar na pele dos outros e aceitar a democracia, devemos ajustar nossas vontades ao que a Constituição nos autoriza. Entretanto, quando se trata de nossas posições e metas íntimas dentro da sociedade, é terrivelmente sufocante tentarmos absorver os deveres defendidos pelo senso comum. Além de ser completamente "anti-felicidade"! É essencial termos consciência suficiente para filtrarmos o que recebemos no cotidiano.
Assim sendo, tire esse peso inventado que machuca suas costas: não é um dever seu aceitar todas as mensagens e opiniões apaixonadas que encontra nem acatar decisões que não condizem com seus desejos. Um segredo: é muito mais gostoso quando nos liberamos para dizer vários "não devo não" a imposições desnecessárias com um sorriso decisivo no rosto. E não tenha medo de afirmar que, quando puder decidir, você escolherá ser feliz (: